
Há uma beleza rara em quem admite que sabe menos hoje do que achava saber ontem. Porque a ignorância, ao contrário do que pregam os gurus da lacração ou do extremismo higienizado, não é ausência de dados — é ausência de humildade. E o Flow, esse inusitado confessionário digital, virou um espelho da jornada de um sujeito que, por ter conversado com quase todo mundo, já não sabe muito bem de que lado ficar. Talvez porque tenha entendido que os lados são armadilhas. Que a polarização é uma forma de preguiça intelectual. Que o problema não é a internet — é a falta de honestidade intelectual.
Talvez seja isso que separa o humano do algoritmo. A inteligência artificial acerta a próxima palavra. Mas não sente a angústia que essa palavra pode carregar. Não há máquina que saiba o peso de uma pausa. Nenhum chatbot faz jornalismo com o silêncio. Porque presença não se programa.
